AULA 26 – FUNÇÕES HARMÔNICAS
Agora que já aprendemos sobre as notas, as escalas e os campos harmônicos, vou falar um pouco sobre as Funções Harmônicas.
Na Harmonia Tonal (ou seja, na Harmonia baseada na tonalidade da música), cada acorde tem uma função específica, definida conforme as notas que o compõem. Alguns acordes tem características sonoras que geram sensações diferentes nos ouvintes. Alguns acordes geram expectativas, outros geram tensão, e isto se dá conforme a função do acorde no Campo Harmônico. É com base nas Funções Harmônicas que se criam composições inteligentes, com boas progressões harmônicas, cadências, e algumas ferramentas para embelezar sua música.
Basicamente, existem três tipos de função harmônica, e as funções giram basicamente em torno das terças e sétimas dos acordes, que gerarão sons diferentes, e do trítono que há em alguns acordes. Um trítono é um intervalo de exatos três tons entre as notas, e esta sonoridade é muito instável, por isso exige a conclusão ou resolução em outro acorde. Caso nunca tenha ouvido, toque um intervalo de exatos três tons, e verá que é um som chato de se ouvir.
Abaixo, falarei rapidamente sobre cada uma das três. Tudo o que vou escrever são padrões relativos. Como já disse no início deste curso, se a música é sua, você compõe como quiser, e particularmente, você pode não concordar com as idéias escritas aqui, mas são de certa forma padrões referenciais que norteiam a questão da funcionalidade harmônica.
Função Tônica: Esta função é caracterizada pela sensação de estabilidade numa música, ou então pela transmissão da idéia de finalização. Normalmente é num acorde de Função Tônica que uma música acaba, pois são considerados acordes de repouso, ou seja, acordes que podem ser executado por um bom tempo, sem “exigir” outro acorde após ele, por conterem as principais notas da escala da tonalidade utilizada (normalmente os graus I, III, V e VII).
O principal e mais característico acorde desta função é o I grau, ou seja, o acorde tônico, pois nele há uma completa sensação de conclusão. Apesar de algumas alterações sonoras, este acorde também pode ser substituído em algumas ocasiões pelos graus III ou VI, que também apresentam características típicas estruturais e sonoras da Função Tônica, porém suas notas componentes geram uma sensação de conclusão um pouco menos intensa. O III grau é uma alternativa, pois contem praticamente as mesmas notas do I grau, enquanto o VI grau pode substituí-lo, pois, como já vimos, equivale à Relativa Menor do I grau.
Função Dominante: Esta função é o inverso da Tônica, ou seja, um acorde de função Dominante transmite a sensação de instabilidade, incompletude, dando uma certa agonia, pois ao ouvi-la, o ouvido da maioria das pessoas tende a querer ouvir outro acorde, que finalize a progressão harmônica. Um acorde Dominante normalmente não é um acorde de repouso, ou seja, um acorde que você deve permanecer por muito tempo, pois ele pede outro acorde.
O principal e mais característico acorde desta função é o V grau, podendo em algumas circunstâncias ser substituído pelo VII grau. O V grau apresenta em sua composição um trítono. Tanto os acordes do V grau quanto do VII grau apresentam o trítono, por isso causam essa ânsia por uma conclusão em outro acorde.
Função Subdominante: Esta é uma função intermediária, entre a função Tônica e a Dominante, podendo ser utilizada em diversas situações. Tanto antes ou após um acorde Tônico ou Dominante. Acordes Subdominantes são intermediários, pois fogem um pouco do estado de repouso da função tônica, mas não chega a ser tenso pois não apresenta trítonos em seus acordes.
O IV grau do Campo Harmônico é o maior representante, e o mais utilizado acorde da Função Subdominante, podendo ser alternado com o II grau.
De certa forma, podemos afirmar que uma “composição padrão” seria assim:
1) Você inicia uma música com um acorde de Função Tônica, que é uma função tranqüila, de repouso;
2) Depois, caminha para um acorde Subdominante, que poderá ser seguido de outro acorde Tônico ou um Dominante;
3) Se você optar por tocar outro acorde Tônico, vá novamente para um acorde Subdominante;
4) Este acorde Subdominante poderá agora ser uma preparação para um acorde Dominante;
5) Um acorde Dominante pede uma resolução sonora, que será encontrada nos acordes de função Tônica;
6) Você finaliza sua progressão com o I grau do Campo Harmônico.
Esta é uma sequência muito utilizada, mas pode ficar a critério do compositor, obviamente. Em nossa próxima aula, farei uma introdução aos chamados Modos Gregos. Se prepare! A coisa vai complicar um pouco, ok?! Mas você vai entender tudinho!
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