Antes de Orar...

Antes de Orar....
Eduardo Feldberg -
09/12 a 06/01/2010


Com algum tempo de cristianismo, posso afirmar que aprendi muitas coisas em diversas áreas do cristianismo e da vida em geral, e neste artigo quero discorrer sobre um destes aprendizados que considero importante termos em mente antes de fazermos nossas orações, intercessões e clamores. Trata-se do conhecimento convicto a respeito de três pessoas envolvidas neste sublime momento de comunhão com Deus:



  • Nós, os “Remetentes”;
  • Diabo, o “Bandido”;
  • Deus, o “Destinatário”.

Julgo que saber quem somos, quem Deus é e quem é o Diabo é de suma importância antes de iniciarmos o espiritual momento da oração.


  • É bom saber quem sou, o que tenho, o que sou, o que posso e o que preciso.

  • É bom saber contra quem estou lutando. Conhecer meu adversário, que tenta evitar minha conquista, e ter em mente quem ele é e o que ele pode fazer, dentro dos limites a ele pré-estabelecidos.

  • É bom saber quem é o meu Receptor. Com quem estou falando? Quem é o Senhor? O que Ele pode fazer? Como pode me ajudar?


Penso que grande parte das informações abaixo já é de conhecimento da maioria dos oradores, porém muitas vezes nossas orações podem não ter efeito, ou não ter um efeito maior, por não levarmos em conta estas informações. Citarei alguns exemplos para elucidar o assunto:

1) Seu eu não souber exatamente quem sou, superestimando-me, por exemplo, minha oração pode soar muito prepotente, e assim, jamais será atendida!

2) Se eu não tiver noção de quem é o meu Adversário, posso correr riscos, não levando em conta o poder do meu inimigo, ou fazer orações “fracas”, por exaltar demais os atributos dele e acabar atemorizado.

3) Se eu não tiver noção de quem é o meu Deus, e de Seu amor e poder, minha oração pode soar sem fé, por estar aliada a um conhecimento pequeno acerca do Senhor.


Creio que se tivermos uma boa noção de quem somos, quem Deus é, e quem é o Diabo, poderemos crer mais em nossa própria oração, aliando assim, automaticamente, mais poder a ela.

Vamos começar falando sobre nós, eu e você, afinal, a despeito de comportamentos, características, idiossincrasias, temperamentos desiguais, somos essencialmente humanos, portanto no que pretendo me apegar (humanidade), somos iguais. Vamos analisar informações que nos impedirão de superestimarmo-nos e também de nos subestimarmos. Em seguida, discorrerei a respeito do Diabo. Não quero engrandecê-lo, porém tampouco menosprezar seu poder. Por último, mas não menos importante (e muito mais prazerosamente), falarei sobre nosso Deus. Ah... Como é bom refletir e salientar quem Ele é!


Sem mais delongas, vou resumir abaixo o escopo deste artigo:



MEU OBJETIVO É FAZER COM QUE, ANTES DE ORAR, TRAGAMOS A NOSSA MEMÓRIA QUEM SOMOS, QUEM O DIABO É E QUEM DEUS É, POIS NUMA ORAÇÃO, ESTAS CONVICÇÕES PODEM FORTALECER NOSSA MENTE E NOSSO ESPÍRITO.




Obs. 1: Escrevi o texto em 1ª pessoa do plural, supondo que você, leitor, é um cristão lavado e remido pelo sangue de Jesus Cristo.

Obs. 2: Obviamente uma criança, ou um neófito que não tem muito conhecimento a respeito das coisas espirituais poderá fazer uma oração super simples, e ver um efeito tremendo. Diversas vezes, direi abaixo que “devemos” saber, “precisamos” conhecer, mas tenho plena consciência de que Deus pode responder e intervir em resposta a qualquer oração, mas creio que as informações abaixo só tendem a melhorar nossa vida de oração. Creio que preces “infantis” podem muitas vezes ter mais efeito que uma oração pomposa e eloqüente (e muitas vezes, mais sinceridade!), mas isso não justificativa a acomodação, ao invés da busca pelo conhecimento da Palavra, que nos fornece diversos conselhos, tanto para aquisição de conhecimento quanto para aquisição de mais poder, autoridade e unção na oração.


Vamos começar.


EU



Antes de iniciar uma oração, devemos nos lembrar de quem somos. Se nos exaltarmos demais, nossa oração soará altiva, vangloriosa, arrogante, jactanciosa e pode “não passar do teto” de nosso cômodo. (Lc 18.14) Em contrapartida, se pensarmos que somos os mais desgraçados, vis e desprezíveis dos homens, poderemos perder a fé que deve acompanhar a oração, o que fará com que ela não seja atendida. (Tg 1.6)


Há algum tempo, li a respeito de duas artimanhas que o Inimigo tem para tentar nos derrotar:

1) Fazer-nos pensar que somos demasiadamente bons
2) Fazer-nos pensar que somos demasiadamente ruins


Destarte, devemos ter uma visão equilibrada a nosso respeito, sempre pautada nas qualificações descritas na Palavra de Deus, e é isso que vamos tentar agora. Desta visão, podemos depreender as seguintes conclusões:


1) Somos Pecadores – Esta é uma convicção indispensável ao orador. Somos pecadores. (1Jo 1.8) Não há ninguém que não tenha pecado, e mesmo que consigamos ser perfeitos doravante, já pecamos muito, e já não somos totalmente santo como Jesus o foi. (Rm 3.23) Temos falhas, defeitos e precisamos melhorar. Não somos merecedores de nada por nós mesmos. Por Jesus, até podemos receber algo (e recebemos muito!), mas por nós mesmos, seriamos merecedores tão somente do inferno. (Rm 6.23) Parafraseando Jonathan Edwards, somos como um vermezinho suspenso a poucos centímetros do fogo do inferno por uma tênue teia, que está dum lado presa a nossas mãos, e doutro, sustentada pelas mãos de misericórdia de Deus.

Me agrada a sinceridade do Apóstolo Paulo, quando diz na carta aos Romanos que sabia ser um homem miserável, muitas vezes vencido pelo pecado. (Rm 7.18-24) Pouco se confessa isso hoje em dia. Vemos muitos anúncios de “Grandes Homens de Deus”, e não mais de “Pequenos Servos do Grande Deus”. Houve uma inversão nos termos. Paulo sabia de sua condição. Quando precisava usar de sua autoridade e experiência, usava, mas sempre cônscio de sua pequenez para com Deus, e considerando-se inferior ao próximo (Fp 2.3). Há crentes que se engrandecem demais numa oração. Pensam ser “alguma coisa” por si mesma. Atraem glórias e conquistas para si. Méritos, honrarias. Louvam-se com seus próprios lábios, egolatrando-se e quebrando assim diversos preceitos bíblicos. (Pv 27.2) O resultado será sempre a não justificação, pois não houve espaço para Deus nesta oração, como na do fariseu de Lucas 18.


2) Dependemos da Graça de Deus – Como pecadores miseráveis que somos, carecemos totalmente da Graça e Misericórdia de Deus. Nosso Rei não nos atenderá porque merecemos ou porque precisa nos dar o que pedimos, mas simplesmente porque nossa condição, comportamento e atitude encontraram graça aos Seus olhos, de forma que Ele resolveu nos recompensar. (Ex 33.13) Não será feito o que nós queremos, mas o que Ele quer. Até mesmo a resposta dada pela vontade permissiva de Deus foi decidida por Ele. Não é feito no nosso tempo, mas no d’Ele. Não é feito da nossa maneira, mas na d’Ele. Hoje em dia se confunde “fé em Deus” com “autoridade sobre Ele”. Têm dito:

- Eu creio que Ele fará, então determino esta petição. Estabeleço-a! A Palavra d’Ele diz que Ele fará, então eu exijo a vitória.

Quanta ignorância. Como disse, fé em Sua Palavra não nos dá o direito, muito menos autoridade para manipular o Criador do Universo. Um pai não gostaria de receber ordens de seu filho, só porque lhe prometeu dar um brinquedo. Mas pensam que Deus pode ser manipulado assim. Precisamos entender que mesmo tendo Ele nos prometido algo, prosseguimos dependendo de Sua Graça, e creio que nossa má conduta pode anular ou atrasar nossa bênção. (Hb 10.36) Lembram-se dos versículos traduzidos por “Deus se arrependeu”? Estes versículos nos mostram que Deus pode desfazer uma situação ou promessa, de acordo com o contexto. (Jr 18.9) Não se trata de arrependimento como nós ocidentais entendemos, mas de uma mudança de nossa própria parte que reflete numa alteração de juízo da parte de Deus. Numa outra hora poderei comentar melhor sobre isso.

De qualquer forma, precisamos da misericórdia de Deus para ser atendidos. Gosto do versículo seis de Hebreus 11, que diz que devemos crer que Deus nos recompensará. Porém, sei que Ele nos recompensará porque Ele é Bom, e não porque nós somos bons. Sei que Ele nos recompensará, pois Ele é fiel, a despeito de nossa muitas vezes contínua infidelidade. (2Tm 2.13) Nos galardoará, pois tem prazer em nos abençoar, e não em nos obedecer. Nós preciso d’Ele, de Sua misericórdia e graça, e precisamos demonstrar humildade para ser abençoados por Ele. (Sl 141.1)


3) Somos Filho de Deus – Apesar de pecadores, Deus nos amou enquanto ainda éramos pecadores (Rm 5.8), mesmo sabendo que continuaríamos sendo pecadores (talvez numa versão em contínuo aperfeiçoamento). Ele tanto nos amou que nos deu o privilégio de sermos chamados de Filhos de Deus. (1Jo 3.1) Quantas vezes já lemos ou ouvimos a respeito disso, mas quão poucas vezes refletimos sobre a profundidade dessa honra nominal e experimental. Nós somos Filhos de Deus! Deus é nosso Pai! Incrível! Somos filhos do Ser mais poderoso do Universo. Mesmo sendo imerecedores, Ele fez questão de nos adotar e nos registrar no “Cartório Celestial” como “Filhos do Rei”, tornando-nos assim herdeiros do Senhor dos Senhores. (Rm 8.17) O que é d’Ele pode ser meu e seu.

Passamos a ter características d’Ele a partir do momento em que O aceitamos em nossa vida, e ganhamos privilégios de filhos. Ao mesmo tempo em que somos o vermezinho de Jacó (Is 41.14), somos filhos legítimos do Rei dos Reis. (Hb 12.8) Parece que O Senhor gosta de dualismos, não é mesmo?! Preciso me lembrar destes conceitos aparentemente antagônicos e excludentes, mas ao mesmo tempo harmônicos. Somos pecadores carentes da graça de Deus, mas ao mesmo tempo não devemos nos considerar um lixo, pois somos agora habitados pelo Espírito Santo de Deus. Somos templo do Espírito Santo. (1Co 3.16) Fomos comprados pelo sangue do homem mais puro e perfeito que já pisou nesta terra. Pelo sangue do próprio Deus, que se fez homem para me ter em Sua família.

O fato de sermos filhos de Deus não anula em hipótese alguma o fato de sermos dependentes de Sua Graça e Misericórdia. Somos seres falíveis, com composição menor que a dos anjos. (Hb 2.7) Devemos saber nossas grandezas adquiridas, e nossas fraquezas inatas. Saber quem somos e o nosso valor. Como diriam Abraão e Maximus Decimus Meridius, somos pó e cinzas. (Gn 18.27) Um pequeno vaso de barro, porém cheio do que há de mais precioso nesta terra (2Co 4.7), e lavado pelo elemento mais poderoso do mundo. Este sou eu. Este é você, cristão.

4) Temos autoridade para vencer o Maligno! Sendo filhos de Deus, temos poder, em Seu nome, para vencer o Mal. Na verdade, já o vencemos! (1Jo 2.13) Foi-nos dado por Jesus Cristo poder para pisar serpentes e escorpiões, ou seja, toda hoste do mal, e sairmos vitoriosos (Lc 10.19). Não devemos temer! Quando expulsarmos demônios em nome do Senhor, eles serão expulsos! (Mc 16.17) Na Palavra, lemos que Cristo, sendo A Cabeça da Igreja, colocou debaixo de Seus pés todo ser que possa existir (Ef 1.21,22). Se nós somos o corpo de Cristo, entendo que estes seres estão debaixo dos nossos pés, ou seja, da Igreja de Cristo.

Estamos com nosso Pai. Com o inimigo, está o braço do homem, o braço de demônios, mas conosco está o poderoso braço do Senhor, vencedor invicto. (2Cr 32.8) Não devemos nos valer de nossa posição de filhos para nos envaidecer, mas sim para vencer nosso adversário! Precisamos sempre nos lembrar que é por causa de Jesus, e em Jesus que podemos vencer o mal. Precisamos ter uma vida de intimidade com Deus, para recebermos d’Ele este poder. Lembre-se dos sete filhos de Ceva, que quiseram expulsar demônios, mas acabaram sendo dominados pelos demônios. (At 19.14) É só com Jesus, e por Ele que poderemos vencer o Inimigo.



O DIABO

O Diabo é o nosso adversário. Nosso maior inimigo (talvez depois de nosso velho homem). Uma criatura feita por Deus. Possivelmente um querubim. (Ez 28.14) Um anjo que tinha tudo, e por ávida pretensão, quis ter mais e caiu, tornando-se assim o inimigo de nossas almas. (Ap 12.9) Satanás é hoje um anjo caído, eternamente condenado e sem condições de arrependimento ou perdão; chefia legiões de anjos caídos, cujo alvo é sempre matar, roubar e destruir as pessoas e a criação de Deus. (Jo 10.10)


Como disse na introdução deste artigo, preciso entender quem o Diabo é, pois se não conhecer seu poder, posso me arriscar demais, e à toa, não levando em conta algumas orientações que a Palavra nos dá para quando nos dirigirmos a ele, ou então, podemos engrandecê-lo demais, e acabar atemorizando a nós mesmos, olvidando-nos de que Ele é um ser totalmente submisso ao Senhor, e que nós temos autoridade sobre ele, quando protegidos e lavados pelo sangue de Jesus.


Sendo assim, das convicções a respeito dele, saliento:


1) Ele quer nos destruir! O apóstolo Pedro diz que o Inimigo anda em volta de pessoas como eu e você, tentando encontrar uma brecha para nos tocar e destruir. (1Pe 5.8) Como Satanás já está condenado, e não tem nenhuma possibilidade de reverter este juízo, quer acabar com todos os demais seres que tem o privilégio da salvação durante suas vidas (em tempo oportuno! – Is 55.6).

Nosso inimigo é um acusador (Ap 12.10), adversário que quer nos afastar de Deus e evitar que obtenhamos perdão por nossos pecados. Com ele não há acordo. Não há parceria. Ele quer simplesmente o nosso mal, nossa derrota, nossa falência e nossa vida e morte distantes de Deus. Deseja o mal para todas as áreas da nossa vida. Nele não há sequer uma sombra de amor, paz, mas somente desgraça e sentimentos deturpados e malditos. Ele não quer que Deus nos ouça, e se valerá de seu exército maligno para impedir nossa vitória. (Dn 12.13) Seja qual for nossa oração, se ela visa engrandecer o nome do Senhor, ele tentará impedi-la (afinal, apenas essas orações podem ser respondidas positivamente – Tg 4.3).


2) Ele tem um grande poder! Limitado, mas tem. Ele é um ex-querubim! Muitas pessoas engrandecem demais o Diabo, e têm uma atração quase mórbida por conhecê-lo e descobrir seus atributos. Inclusive, muitos têm mais interesse em conhecê-lo do que de conhecer ao Senhor. (Jr 9.24) Como disse no topo deste artigo, meu intuito não será fazer uma super analise, mas algo superficial.

Infelizmente, preciso afirmar que o Diabo é um ser muito poderoso, esperto, inteligente. Muitos dizem de púlpito que o Diabo é fraco e que pode ser vencido facilmente, mas quero e devo discordar disso, pois não é o que a Bíblia nos ensina. Se considerarmos alguns versículos de Ezequiel 28 como sendo uma referência à Satanás, poderemos depreender que ele era um querubim, o que representa um alto escalão dos seres angelicais. Não posso crer que um dos seres mais poderosos criados por Deus seja fraco. Se a Palavra já diz que nós somos inferiores aos anjos (Hb 2.7), quanto mais com relação a um querubim, ser dos mais elevados numa suposta hierarquia angelical. E mais ainda tratando-se de um ex-querubim dos mais importantes do céu.
Nos dois primeiros capítulos de Jó, temos uma mostra de seu poder. Em compensação, vemos em Êxodo 8.18 que seu exibicionismo é restrito. De qualquer forma, Satanás pode ser fraco com relação a Deus, mas se levado nesse sentido, quem deve chamá-lo de fraco é o próprio Deus, não nós.


3) Seu poder é limitado! Satanás é detentor de uma grande força, mas como pincelado acima, seus poderes são limitados, afinal, ele é apenas uma criação do Senhor. Vamos nos valer dos primeiros capítulos de Jó para conhecermos seus limites. Ao contrário de Deus, Satanás não é, por exemplo, onipotente. Ele não pode ter ou fazer todas as coisas (Ex 8.18), e dentre as coisas que pode, depende do consentimento do Senhor para exercê-las. (Jó 2.6) Conforme diversos versículos bíblicos, Satanás também não é onisciente ou onipresente (Jó 2.5; Ap 20.3).

O que mais precisamos ter em mente é que o Diabo depende da autorização de Deus para nos tocar. Quando temos uma brecha em nossa vida, o Diabo recebe legalidade para nos prejudicar (Dt 28.15), mas quando estamos cobertos pelo sangue do Cordeiro, o Diabo não pode nos tocar. (1Jo 5.18) Todavia, mesmo quando pecamos, os ataques de Satanás a nossa vida são restritos àquilo que o Senhor o permitir fazer. Satanás é totalmente submisso à vontade do Senhor.


4) Ele é astuto, e conhece nossas fraquezas. Dizem que o Diabo é “burro”, ignorante. Costumo dizer que se ele é burro, eu não saberia dizer bem o que sou, pois já pequei N² vezes por culpa de suas artimanhas. Novamente recorro ao fato de ele ser um anjo dos maiores, criados por Deus. Ele errou, e continua errando, mas não posso dizer que ele é ignorante, desprovido de inteligência. Muitas pessoas inteligentes erraram por orgulho ou ganância, como ele. Talvez possamos dizer que não são sábias, mas inteligentes, podem ser sim. A própria Palavra nos diz que ele é astuto (Ef 6.11; 2Co 11.3), ou seja, ele é “ligeiro”, “esperto”.

Satanás tem milhares de anos de experiência e vivência. Sabe as fraquezas do homem em geral, e as fraquezas de cada ser humano individualmente, pois por meio de seus súditos, acompanha nossos atos e pecados desde que nascemos, tendo um grande conhecimento acerca de nossos pontos fracos.


5) Não devemos afrontar o Diabo! A Palavra nos diz que já vencemos o maligno (1Jo 2.13), e que Cristo nos deu poder para pisar o inimigo (Lc 10.19), mas não devemos nos valer desse benefício a nosso bel prazer. A Bíblia nos aconselha a não insultarmos o Diabo, ao contrário do que muitos crentes levianos e inconseqüentes têm feito. (1Pe 2.10, 11) Eu imagino se o xingariam cara a cara, sem Deus ao lado! Obviamente que não, pois nem mesmo o grande arcanjo Miguel ousou fazê-lo. (Jd 1.9) A Bíblia nos orienta a não insultarmos o Diabo, mas sempre lutar com sabedoria, usando o nome de Jesus, com o intuito de vencê-lo, e não de humilhá-lo levianamente.


(Para uma análise mais detalhada sobre o poder do Diabo, leia meu artigo “Deus X Diabo”.)

DEUS


Chegamos à parte mais agradável: A de falar sobre o Senhor. Justificando a necessidade de conhecer-mos o Senhor, posso dizer que devemos saber quem Ele é, primeiro porque somos d’Ele. Segundo porque é maravilhoso terem mente a grandeza da pessoa com quem estamos nos relacionando. Quando oramos nos lembrando de quem é o nosso Deus, nossa fé aumenta. Nosso medo se esvai, nossa força retorna e podemos visualizar que nada será impossível para Ele.

Precisamos ao mesmo tempo nos lembrar que Ele é nosso Pai de Amor e o Soberano Juiz e Vingador. Familiaridade e respeito devem compor nossas preces. Um substantivo não exclui o outro, devendo sempre haver moderação entre ambas as posturas de filho e de servo.


É tão bom servir um Pai Justo e amoroso!

Como homem nenhum pode descrever ou expressar a grandeza do Senhor (Ne 9.5), me aventurarei a comentar alguns de Seus atributos, trazendo à memória o seguinte:



1) Deus é O Deus! Ele é o Todo Poderoso criador do Universo. (Gn 17.1) Seu poder é ilimitado (Gn 18.14). Ele é o único Deus verdadeiro e vivo. (Is 45.5) Não se trata de um deus, mas do Deus. Há muitos deuses falsos, esculturas, mas a única pessoa que é verdadeiramente divina é Ele. Um ser transcendente, “inatingível”, incomparável em força, poder, sabedoria e inúmeros outros atributos. Soberania, amor, onipotência, onipresença, onisciência e misericórdia habitam n’Ele, numa inescrutável, ininteligível, inextricável e inexplicável coexistência. Nada chega a Seus pés, a nível de comparação. Sua pessoa e Seus atributos sobressaem qualquer tentativa de expressão a seu respeito. (Ne 9.5) Léxico algum, antropomorfismo ou antropopatismo algum poderão nos explicar satisfatoriamente aquilo que Ele é. Ele é o Rei dos reis e Senhor dos Senhores. (Ap 19.16) Aquele cujos atributos devem ser escritos com letra maiúscula!

Ele é Amor, Poder, Justiça, um ser inigualável, imanente e transcendente. Ele mede o universo com a palma de Suas mãos. (Is 40.12) Infinito, Eterno, Triúno. A força mais devastadora do universo. Todas as coisas derivam d’Ele, por Ele e para Ele. (Rm 11.36) Como disse o poeta Epimênides, “nele vivemos, nos movemos e existimos”. (At 17.28) Ele move o universo. Sem Ele o homem não existiria, os anjos e demônios não existiriam, o universo... Nada! É o ser mais inteligente, intrigante, misterioso e incomensurável que há! O Mestre da sabedoria, o Pai da razão, da lógica, do sentimento. É o próprio Amor, a própria perfeição. Ele é O Deus.


2) Ele tem Domínio sobre todas as coisas! Como Senhor Absoluto, Deus controla todas as coisas. O bem, o mal, o clima, as situações, os obstáculos, as conquistas, o homem, os anjos, o Diabo, os demônios, as estrelas, a Terra, o Universo. Tudo está debaixo do Seu controle absoluto. (Jó 42.2) Nada há que fuja de Seu conhecimento. (Pv 15.3) Tudo o que acontece em minha vida passou pelo filtro de Sua vontade. Coisas ruins, coisas boas. Coisas decorrentes de meus erros ou acertos. Seja o que for, Ele já sabe. Sabe o que tenho, o que preciso, o que quero. Sabe minhas virtudes, minhas fraquezas, meus acertos, erros, tudo! Ele sabe, e tem poder para controlar, alterar, substituir, transformar o que quer que seja. (Sl 115.3)


3) Para Ele, nada é impossível! Deus é Senhor sobre todas as coisas, e para Ele, tudo é igualmente simples e fácil. Para nós, há uma preocupação quando ouvimos uma palavra como depressão ou câncer, mas para Deus, nada é “... mais difícil que...”, mas tudo é “... tão fácil quanto...”. (Lc 1.37) Destruir uma formiga ou o Diabo é igualmente irrisório. Extinguir uma AIDS ou uma dor de dente é ridiculamente fácil. É claro que esta onipotência é de certa forma invalidada por frases lógicas muito utilizadas hoje em dia por mentes pedantes, afinal, não existe “onipotência” no sentido literal da palavra. Uma “onipotência absoluta”. Deus não pode fazer um “círculo quadrado”, um “triângulo de 4 pontas”, ou qualquer outra coisa que venha a anular Sua onipotência e soberania, como criar uma doença que Ele não possa curar ou criar um ser mais poderoso e transcendente do que Ele. E isso não O diminui. O exalta pela sua incomparabilidade e sabedoria ao criar a Lógica.


4) Ninguém pode Pará-lO! Sendo Deus, e tendo domínio sobre todas as coisas, nada há que possa impedir Seu agir, ou Seus planos e projetos. (Is 43.13) Se o inimigo se opuser, será debalde, pois nada pode parar o Senhor, e os inimigos do Senhor podem apenas lamentar, quando vêem que Deus estendeu Sua mão de poder. Como disse o salmista Davi, quando Deus se levanta de Seu trono, o inimigo já se desvanece como fumaça! (Sl 68.2)

Deus faz o que quer, como e quando quiser. Em algumas passagens, lemos que o inimigo atrasou o recebimento de uma bênção (Dn 10.13), mas até essa “demora” foi prevista por Deus, com Seus propósitos superiores. (Is 55.9) Nada pode impedir Seu agir nem conter Seu poder. Muitas vezes Ele prova nossa perseverança e persistência antes de liberar de vez nossa benção, mas quando Ele quer, acontece e pronto! Ninguém pode parar, atrasar ou impedir Seu agir! Todo ser vivo pode apenas visualizar, quando possível, a manifestação da vontade de Deus. O braço do Senhor contra alguém poderia causar um extermínio universal! Apenas um golpe poderia eliminar toda a raça humana, angelical e universal, restando apenas a Trindade para encher os céus, após esta catástrofe! (Se bem que nem mesmo o céu poderia contê-los, tamanha sua grandiosidade – 2Cr 6.18) Para nós, há muralhas intransponíveis, mas para Ele, toda luta é pequena.


5) Ele é nosso Pai e nos Ama. Embora um Deus tão poderoso e soberano, escolheu nos criar, amar, readquirir por um alto preço: O da própria vida! Do próprio sangue! (At 20.28) Entretanto, como Deus sempre teve a chave da Vida e da Morte, obviamente ela não pode detê-lO. (1Co 15.55) Escolheu ser nosso Pai, e como tal, deu-nos o privilégio de sermos chamados Filhos de Deus. (1Jo 3.1) Como Pai amoroso, escolheu nos perdoar, nos justificar, proteger e nos ensinar. Tamanha grandeza não resultou num ser impessoal, mas num Ser que ama com a maior intensidade possível, afinal, a essência do amor é Ele próprio. (1Jo 4.16) Digamos que Seu amor por nós esteja sempre no ápice.

Como Pai, Ele se importa conosco, e quer o nosso bem, porém, o que para nós parece ser bom, pode não ser de fato bom, ou o melhor para nós, ao passo que o que Ele sabe ser bom, certamente é o bom, agradável e perfeito para nós. (Rm 12.2) Tendo um Deus tão amável a nos guiar, podemos crer que todas as coisas sempre cooperarão para o nosso bem. (Rm 8.28) Ou melhor, para aqueles que cumprem Sua Palavra de Deus, afinal, esta é a maior demonstração e condicional do verdadeiro amor a Ele. (Jo 14.23) Tudo (mas tudo mesmo!) o que acontecer será bom para nós.

Muitas vezes, para nós, que temos uma visão limitada, é difícil visualizar o benefício em determinadas circunstâncias, mas para Ele, que apesar de habitar com o quebrantado e contrito de coração, habita nas alturas (Is 57.15), e vê o presente, o passado e o futuro como um só momento, é sempre fácil compreender os próprios planos. Aprecio a máxima do escritor Malba Tahan, que afirma que “o mal é um bem que não se conhece”.

Tudo o que Deus fez, faz e fará será pensando no nosso próprio bem. Tudo... Sempre!


6) Ele tem Prazer em nos Abençoar! Esse Deus a quem nós nos dirigimos é um Deus que nos ouve, e atende nossas orações. (Pv 15.29) A Palavra nos diz que quando oramos a Ele, o Grande Rei se levanta do Seu trono e inclina-se para nós. (Sl 116.2) Quando oramos em duas ou mais pessoas, Ele vem até onde estamos para que possamos melhor senti-lO. (Mt 18.20) Ele tem grande prazer em escutar nossa voz, e talvez um prazer ainda maior em nos responder. Lembre-se que com Deus na mesma causa, não há derrotas, mas apenas desistências!

Na Palavra, encontramos alguns versículos que afirmam que nossa oração será ouvida, desde que:


(1) Seja feita em nome do Senhor (Jo 14.13);

(2) Seja feita de acordo com a vontade do Pai (1Jo 5.14);

(3) Seja feita com fé (Mt 21.22);

(4) Seja feita para a Glória do Senhor, e não para nosso bel-prazer (Tg 4.3).


Atendendo a estes requisitos, nossas orações serão respondidas, pois Ele nos ama e quer mais o nosso bem do que nós mesmos! (Para maiores detalhes, leia meu artigo "O.R. - Orações Respondidas".) Ele tem prazer em ouvir nossas orações, e anseia nos responder, mais do que nós ansiamos ouvir Suas respostas. Ele tem mais vontade de nos abençoar do que nós, de sermos abençoados. Não porque Ele é inferior, mas porque Seu amor é superior. Ele é extremamente sábio, e conhece nosso futuro, sabendo o que nos é melhor, como e quando é melhor. Podemos confiar nele, sabendo que ele não rejeita a oração do homem que se aproxima de Seu trono de Graça com humildade e confiança. (Sl 51.17)


É isso! Estas são algumas informações que quis compartilhar com vocês, amigos leitores, e espero que o ajudem em sua vida de oração. Parece muita informação, mas nós facilmente absorveremos tudo isso, na medida em que formos vivendo o cristianismo.

É óbvio que você não irá dizer:


- Puxa, Duda! Quer dizer que eu preciso decorar tudo isso antes de orar?


Não! Fique tranquilo.... Basta saber tudo isso!




E.F.