Período Intertestamental


Período Intertestamental
Eduardo Feldberg - 08/04/2005


Resumo dos acontecimentos do século IV a.C. ao século I d.C.




Os 400 anos do período intertestamental podem ser dividido em 4 domínios:



* Período Persa (430 - 322 A.C.)
* Período Grego (321 - 167 .C.)
* Período da Independência (167 - 63 A.C.)
* Período Romano (63 A.C. - Jesus Cristo)



Período Persa:

Os israelitas foram dominados pelos babilônios, que por sua vez foram subjulgados pelo recém-formado Império Persa, grande potência mundial por cerca de duzentos anos. Nomes como Artaxerxes I, Xerxes II, Dario II e Artaxerxes II são nomes comuns para nós, como reis persas que governaram durante esse período. Neemias, por exemplo, reconstruiu Jerusalém durante o governo de Artaxerxes I. Usualmente os persas eram clementes, e tanto a autoridade civil como a religiosa foram restabelecidas em Israel durante esse período. Esse império caiu sob governo de Dario III, em cerca de 331 A.C.


Período Grego:

Com a queda do Império Persa, o poder passou para a crescente potência grega. Sob comando de Alexandre, o Grande, de apenas 20 anos, o exército macedônio varreu todas as outras potências emergentes em um período extremamente breve. Dominaram, entre outros, exércitos como o egípcio, assírio, babilônio e persa.

Alexandre conquistou a Palestina em cerca de 332 A.C., poupou a cidade de Jerusalém e disseminou a língua e a cultura grega por toda parte (helenismo). Marchas forçadas e bebidas imoderadas o levaram a morte ainda aos 33 anos de idade, estando ele na Babilônia, em 323 A.C. Com sua morte, morreu também a idéia de um governo mundial e, em cumprimento da profecia de Daniel (Dn 11:4,5), seu reino foi dividido entre seus 4 generais. As duas porções orientais ficaram com generais separados:


* Selêuco, que governou a porção da Síria;
* Ptolomeu, que comandou a porção egípcia.

Por isso, “Ptolomeus” correspondem aos reis gregos do Egito (reinaram 16 Ptolomeus), ao passo que “Selêucidas” correspondem aos reis gregos da Síria. Os judeus se dispersaram pelo império grego. A princípio (aprox. 323 A.C.) a Palestina ficou sob controle Sírio, mas, pouco tempo depois (aprox. 298 A.C.), passou para o controlo egípcio (fato que duraria aproximadamente 100 anos). Neste período (reinado dos Ptolomeus, principalmente Ptolomeu II), os judeus prosperaram e foram mais respeitados e valorizados. Contavam até com um centro religioso em Alexandria - Egito, a cidade centro-político-cultural, e isso propiciou meios de se traduzir o A.T. do hebraico para o grego, no ano 270 A.C. (fator necessário, devido à difusão helenica). Essa tradução é conhecida como “Septuaginta”. Essa era a “Bíblia” nos tempos de Cristo. Porém, em 198 A.C., Antíoco, o Grande (Sírio) reconquistou a Palestina e esta voltou ao controle dos Selêucidas. Entre 175 e 164 A.C., os judeus foram severamente perseguidos por Antíoco Epifânio, que estava decidido a exterminá-los, juntamente com sua religião.


Antíoco profanou o templo de Jerusalém, oferecendo inclusive um animal impuro sobre o altar. Antíoco cometeu diversos delitos e crueldades. Inclusive, tentou destruir todos os manuscritos das Escrituras. Suas atrocidades provocaram a revolta dos judeus. Naquela época havia um homem chamado Matatias Hasmom, sacerdote, com 5 filhos, e, entre estes, Judas Hasmom, um guerreiro nato que conseguiu juntar forças para libertar os judeus e se livrar da opressão dos Selêucidas na Palestina. Isso resultou na independência dos israelitas.



* Período da Independência (ou Hasmoneano, ou Macabeu):

Esse período de independência durou cerca de 100 anos (165 a 63 A.C.) e foi conhecido como período Macabeu, ou período Hasmoneano (Na verdade, essa família se chamava Hasmom, mas ficaram conhecidos como “Macabeus” devido a um apelido dado a Judas). Em 165 A.C., Judas purificou o templo e o reconsagrou, dando assim origem à Festa da Dedicação, que foi uma festa em comemoração à reconsagração do templo. Mesmo no período Hasmoneano houve revoltas e conflitos entre o povo judeu. Surgiram círculos políticos e, novamente, o povo se insurgiu contra a casa real. Com esses desentendimentos, o povo se dividiu em 2 grandes blocos:

Os Fariseus e os Saduceus, povos que se tornaram distintos, tanto por suas crenças quanto pelas divergências políticas entre eles.


Estes dois grupos foram os que se sobressaíram, mas houveram outros, como o grupo dos essênios, dos zelotes, etc.


Diversos governantes hasmoneanos foram maus, como Alexandre Janeu, que foi um governante sanguinário. Encabeçou diversas revoltas contra os Selêucidas para ampliar seus territórios. Este morreu e sua viúva, Alexandra, assumiu o controle, encerrando as guerras civis que dizimavam a população. Ela nomeou pessoas que não pertenciam à linhagem real e instituiu os “escribas”, para trabalharem no comando da região, pois estes eram considerados pelo povo como homens mais dignos e honrados do que os da linhagem real. Mais tarde, impossibilitada de comandar o povo, passou o comando para seus filhos, Aristóbulo e Hircano, que lutavam entre si pelo poder.


Hircano, com a ajuda de Antípatre (posteriormente governador da Judéia) obteve o êxito nesta disputa e passou a governar a Palestina. Aos poucos, Hircano começou a se vincular com os romanos (por intermédio de Antípatre), e essa “aliança” resultou na conquista da Palestina pelos romanos, que estavam sendo comandados pelo general Pompeu. Um fator muito importante que favoreceu a conquista da Palestina pelos romanos foi a falta de união entre seus próprios habitantes, bem como a rivalidade e o ódio entre eles. O povo se dividiu e, conseqüentemente se enfraqueceu. Antípatre, o “amigo” de Hircano, na verdade o usou apenas para levá-lo às garras do governo romano e adquirir prestígio aos olhos dos líderes do imenso império que se levantara. Assim, em 63 A.C., se encerrou o período da independência (ou Macabeu ou Hasmoneano).


Período Romano:

Nestes tempos, a autoridade máxima do império romano vinha de Otávio Augusto. Era ele quem escolhia o líder de cada província. Otávio preferia nomear líderes “locais” do que enviar governadores romanos para cada província. Tendo feito sua parte, Antípatre (que era judeu de sangue, edomita) foi nomeado governador da Judéia, como um desses “locais”. Com ele, deu-se início o governo “Herodiano”, pois seu filho se chamava Herodes. Os romanos conquistaram a Palestina mas deixaram esse território sobre a responsabilidade de Antípatre e seus descendentes, como que paralelamente à grande massa que era o império romano. Assim, os “Herodes” governavam, porém, totalmente submetidos à autoridade de Roma. Herodes sucedeu seu pai no governo e ficou conhecido como “Herodes, o Grande”. Foi durante seu reinado que nasceu Jesus e no reinado de seu filho Herodes Antípas, o tetrarca, que morreu e ressuscitou Jesus. Alguns anos depois, o povo hasmoneano (judeus inconformados com a retomada do poder de seus inimigos sobre seu território) elegeu Antígono como líder a fim de confrontar Herodes e o povo romano, porém, essa batalha se intensificou e os romanos (o exército romano, como um todo) decidiram intervir nesta situação para consolidar seus interesses na Palestina. Para isso Herodes foi nomeado “Rei dos Judeus”.


Em 3 anos, Herodes conquistou não apenas a Judéia, mas todo o estado Palestino. Antígono foi executado.

Sob comando de Herodes, a Palestina cresceu e prosperou muito, porém, passou por diversas atrocidades, violência, homicídios, e ele nunca gozou de popularidade entre as massas. Com sua morte (4 A.C.), seu reino foi dividido em 3 porções, administradas por três de seus muitos filhos.


* Filipe ficou com os territórios ao norte e a leste da Galiléia.
* Antipas (“Herodes, o Tetrarca”) ficou com a Galiléia e a Peréia.
* Arquelau (“Herodes, o Etnarca”) apossou-se da região sul, isto é, a Judéia, a Samaria e a Iduméia.



Antipas e Filipe governaram durante muito tempo, tendo permanecido no poder até bem depois da crucificação de Jesus. Filipe recebeu a aprovação do povo e, assim, governou até sua morte, em 34 D.C. Antipas ainda governou por mais tempo. Governou até 39 D.C., ano em que foi traído por seu sobrinho Agripa. Mediante inúmeras manipulações, foi banido pelo imperador, Gaio. Antipas foi o responsável pelo assassinato de João Batista e foi o “Herodes” que julgou a Jesus (Lc 23:7).
Arquelau não se saiu tão bem como seus irmãos. Ele tinha um gênio violento como o de seu pai (Herodes, o Grande) e com isso o povo se revoltou, gerando seu banimento por Augusto, em 6 D.C. Doravante, sua província passou a ser controlada diretamente por Roma, por intermédio de “procuradores”.


Posteriormente, surgiram outros Herodes, dentre os quais se destaca Herodes Agripa, ou “Herodes, o Rei”, que é o Herodes citado nos capítulos 1-12 do livro de Atos, neto de Herodes, o Grande; e Agripa, filho de Herodes Agripa, que é o Herodes citado principalmente em At 25 e 26. Agripa morreu em 100 D.C., sem filhos.





E.F.

Um comentário:

  1. Achei interessante teu artigo, mas não faltou outros período?

    rezena@bol.com.br

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