Panorama dos Palestinos


História dos Palestinos
Por Eduardo Feldberg
Dezembro de 2007 a Fevereiro de 2008



Há cerca de quatro anos, escrevi um texto muito trabalhoso sobre a história dos israelitas, com informações retiradas apenas da Bíblia, que por sinal é a maior fonte de informações sobre este povo. Neste trabalho, falava sobre a história deste povo desde os primórdios tempos de Abrão até a criação do Estado de Israel, em 1948. Foi um dos textos mais difíceis que já escrevi, pois há muita informação, e me propus a detalhar, sempre com as referências bíblicas, todos os fatos.
Infelizmente (ou felizmente), meu computador quebrou e acabei perdendo todos os meus documentos, inclusive este estudo e outros 3 ou 4 textos que havia escrito. Desde então, nunca mais havia escrito nada, tamanho desânimo que me acometeu, após investir 3 meses de pesquisa para escrever sobre aquele povo. Todavia, nesses últimos meses me senti compelido a reescrever essa história, e ir um pouco além, estudando também a história dos palestinos.

Hoje, vemos tantas informações nos jornais sobre a situação em que se encontram essas duas nações, seus conflitos, seus avanços territoriais, mas muitas vezes não sabemos o porquê de tanta luta, tanta morte, e isso me gerou uma curiosidade para pesquisar um pouco sobre esses povos.

Neste texto, falarei sobre a origem dos Palestinos, sua formação, o relacionamento com os judeus, a divisão, seus conflitos e um pouco da atual situação.


Nesse meu projeto, iniciado em dezembro de 2007, procurei informações sobre a Palestina na Bíblia, em livros e artigos em geral. A grande dificuldade em escrever um texto sobre judeus ou palestinos é a grande contradição entre as fontes. Como é de se esperar, a grande maioria das fontes não é neutra, então acabam relatando os fatos com certa parcialidade, como já era de se esperar. Com isso, tive que analisar um pouco do ponto de vista de cada autor e coletar as informações mais fidedignas.


Primeiro, quero deixar claro que neste texto, ao contrário de alguns que li, tentarei ao máximo não ser tendencioso ou parcial. Li alguns textos e trechos de livros de autores libaneses, por exemplo, e notei a influência palestina nas informações. Li textos de pessoas aparentemente anti-semitas, mas não me deixei levar por informações preconceituadas, mas sim pela verdade dos fatos. Não sou um profundo conhecedor de história, nem especificamente da história destes povos, mas tenho uma mínima noção dos fatos. Sei que os judeus têm suas falhas, bem como os palestinos. Bem como eu...


Mas vamos lá.



A Bíblia nos fala sobre o Plano de Deus sobre a humanidade e desde o início, este plano está estreitamente ligado ao povo de Israel. A Bíblia nos dá uma rica gama de detalhes sobre eles, e sobre os povos que se cruzaram com eles, como filisteus, cananeus, egípcios, romanos, gregos, macedônios, etc. Destes muitos, um dos povos que se cruzaram com os israelitas foi o que futuramente originaria os “Palestinos”.

Quando surgiram?

Há milhares de anos atrás (cerca de 4000 a.C.), muitos povos habitavam a região onde hoje se concentram os judeus, palestinos, libaneses, sírios, entre outros. É uma região bem pequena, mas com uma localização geográfica muito importante. Está num ponto bem estratégico do Oriente Médio. Estratégico, pois fica na “esquina” do Oriente, ligando a Ásia à Europa à África. Naquela região ampla há muitos lugares desérticos e áridos, e visando uma área mais frutífera, esses povos se dirigiram àquela região com mais recursos para plantio. Naquele pequeno espaço de terra há um rio muito bom, que tornava suas margens férteis: O Rio Jordão.

Essa região passou a se chamar Canaã. No mapa abaixo você consegue ter uma noção melhor da região:



Repare que, no aspecto vegetativo, os habitantes só poderiam se direcionar a duas regiões, na tentativa de fuga das zonas arenosas: Ou a região do Delta do Nilo, que já era cheia de moradores, ou Canaã, que conta com o Rio Nilo e o Mar Mediterrâneo. Pois bem. Foi para esta segunda alternativa que todo esse povo se dirigiu.


Os muitos povos que habitavam a região (hebreus, filisteus, cananeus, heteus, gebuzeus...) foram sendo obrigados a se filtrar, resumindo-se em duas grandes comunidades principais: Hebreus e Filisteus.

Essas duas comunidades passaram e se desentender muito, principalmente por questões de ampliação territorial, e iniciaram seguidos conflitos. Ambos se organizaram, ou com um sistema monárquico, ou um sistema estatal, para administrarem melhor seus territórios.


Nessas expansões territoriais, houve muitas mudanças demográficas, e devido à grande presença de filisteus naquela região por volta do século XII a.C., os gregos renomearam o local, de Canaã para Palestina, que deriva do grego Philistia, em homenagem aos filisteus. Após isso, as lutas continuaram, perdurando por muitos séculos. Podemos ver algumas batalhas na biografia de Sansão, por exemplo, que foi um dos representantes hebreus mais ferrenhos na luta contra os filisteus, ou na situação de Davi contra o gigante filisteu Golias.

Por volta do ano 990a.C., os israelitas alcançaram a hegemonia no local, derrotando de vez os filisteus durante o reinado de Davi e Salomão.

Após muito tempo, no ano 70d.C., os judeus se insurgiram contra os romanos e foram expulsos de vez de sua terra, sendo perseguidos e mortos. Essa foi a principal dispersão (a chamada Diáspora) dos judeus. Eles se espalharam pelo globo, porém, ali no centro palestino, permaneceram algumas comunidades, que originariam os atuais Palestinos.

Esses povos se misturaram com os povos do Império Romano e foram levando sua vida de forma normal. No início da Idade Média (aprox. 450 d.C.), os povos que habitavam aquela região eram majoritariamente cristãos. Hoje nós vemos que eles - os palestinos - não guardam mais essa característica. Hoje eles são mais definidos e caracterizados pelos traços árabes e muçulmanos que como judeus e cristãos.


Acontece que, por volta do ano 700d.C., iniciou-se uma grande reviravolta na região, devido às expansões dos países muçulmanos, que decidiram conquistar toda a região. Diversas nações islâmicas dominaram o terreno dos palestinos e se mesclaram com eles, criando uma nova geração com características mais islâmicas. Povos árabes, egípcios e alguns outros passaram a controlar a região, até o século XV, quando surgiu o Império Otomano, que incorporou de vez a Palestina ao seu território. Este império era predominantemente turco; se formou no século XIII e chegou a ser composto pelas terras que atualmente chamamos de Egito, Síria, Argélia, Bulgária, Arábia, Turquia, entre outros. Este grande império do Oriente foi desfeito apenas no séc. XX, após a Primeira Guerra Mundial.

Desta forma, notamos que desde cedo, o povo palestino foi subjugado, perdendo a posse de suas terras. E vemos também que não se trata exclusivamente de uma questão religiosa, mas também territorial. Os palestinos foram originalmente (após a Diáspora) cristãos, e não vetavam outras religiões em seu território. Durante os primeiros séculos depois de Cristo, povos judaicos, por exemplo, habitaram juntamente com os palestinos. A Palestina era até então apenas uma província do Império, cuja população dependia basicamente da agricultura. Induzidos pelo domínio turcos, porém, a partir do Séc. XIII, a grande maioria dos palestinos já era muçulmana.

Naqueles tempos, ainda havia alguns poucos habitantes judeus na região. Segundo estatísticas, os palestinos em geral eram em cerca de 500 mil habitantes. Deste total, cerca de 10 mil eram de religião judaica.


Na verdade, os palestinos não eram chamados de “palestinos”, mas sim de árabes. Essa denominação surgiu apenas em 1964, com a criação da OLP, que comentaremos mais pra frente.

Os séculos se passaram e a Palestina continuava sob domínio do Império Otomano, até que por volta de 1800, diversos países europeus abriram os olhos e passaram a ver que a região palestina era uma região muito interessante, por situar-se num ponto estratégico que une a África à Ásia à Europa, com um grande litoral, com uma riqueza petrolífera imensa, agricultura produtiva e outros fatores. Com isso, os europeus (em especial os franceses e ingleses) uniram suas forças com os árabes (que como os palestinos, estavam dominados pelos turcos) e passaram a ser uma pedra no sapato do Império Otomano, cobiçando a promissora região.

Para entendermos um pouco da história palestina, precisamos conhecer também um pouco da história dos judeus, mas não nos ateremos a isso agora. Como sabemos, os judeus foram perseguidos por diversos impérios e nações nos meandros destes quase dois milênios de fuga global. Além do nazismo na Alemanha, os judeus também foram perseguidos em outros países, como na Rússia, com o regime czarista. Ali, por meio de diversas caçadas, denominadas “Pogroms”, os russos praticavam a política oficialmente sancionada pelo governo do anti-semitismo. Os extermínios foram tão violentos que aceleraram e propagaram o crescimento do movimento sionista, que levou cerca de 1,5 milhão de judeus a deixarem os territórios do Império Russo.

Com essa nova “diáspora”, diversos judeus resolveram voltar para o seu território natal, que agora era dos palestinos.

O Movimento Sionista foi fundado formalmente em 1897, pelo judeu austríaco Theodor Herzl. O principal escopo do movimento era o restabelecimento de um estado israelita no seu local de origem, i.é., em Jerusalém, donde haviam sido expulsos injustamente há 2 mil anos atrás.

Reanimados por esse movimento, a população judaica emigrou para a Palestina e começou a se tornar muito volumosa. Eles se instalaram na região e iniciaram colônias por ali. Herzl se entregou de corpo e alma a esta causa e buscou patrocinadores para o movimento. Conseguiu muitos! Diversos aristocratas europeus e asiáticos ajudaram os sionistas financeiramente, de modo que começaram a comprar diversas terras na região palestina. Com muito dinheiro entrando, os judeus criaram um fundo para controlar as arrecadações doadas aos judeus para a compra de terras palestinas e instalação de novas colônias judaicas ali.

Com o tempo, judeus foram crescendo em número e potencial. A relativa harmonia que havia entre palestinos (até então árabes) e os judeus passou para hostilidade, na medida em que os palestinos notaram a ambição contumaz dos judeus em dominar tudo (ou quase tudo) por ali.

Nos anos de 1914-1918, houve a 1ª Guerra Mundial, e nela a Turquia se aliou à Alemanha na disputa pelo mundo e acabaram perdendo, de forma que o Império Turco Otomano veio à bancarrota. Franceses e Ingleses dividiram as terras outrora Otomanas entre eles, e as terras palestinas ficaram para os ingleses, que passaram a controlar a região. Isso foi uma benção para os judeus, pois o secretário do Estado decidiu dividir a Palestina entre judeus e árabes.


Isso foi a morte para os palestinos, que já estavam irritados com os inúmeros imigrantes judeus em seu território. Agora, iria chover judeus ali. Até 1922, havia cerca de 50 mil judeus na Palestina, e isso deu o pontapé a um movimento de represssão aos judeus. Até então, protestos “pacíficos”. Com essa resistência, a Inglaterra começou a limitar a entrada de judeus ali.

Como sabemos, judeus são essencialmente belicosos. Decidiram revidar os protestos, mas infelizmente foram muito radicais, expulsando árabes de suas terras. Inicia-se a guerra. Note novamente que o quesito religião não está em debate. Apenas a questão territorial, embora possamos relacionar um pouco de religião no ponto de vista de alguns sionistas mais religiosos, que criam que os judeus deveriam voltar e dominar a Terra Prometida.

Na década de 30, os judeus já representavam uma fatia de 20% da população total na região.


Neste momento, explode o nazismo na Europa, fazendo chover judeus na Palestina. Mais 200 mil judeus emigraram, gerando diversos conflitos. Em 1937, a Grã-Bretanha já cogitou dividir a Palestina em dois Estados.

Em 1939, 1/3 da população era judaica, embora distribuída em apenas 12% das terras palestinas.

Vendo que seus sonhos estavam prestes a ser logrados, os judeus aceleraram o processo de posse das terras, mas a animação tornou-se irracional, valendo-se de eventos terroristas para alcançarem seus propósitos de conquista territorial. Movimentos armados como o Haganah e o Irgum foram violentos e sanguinários, atacando árabes, expulsando-os e matando-os. Centenas de povoados e colônias árabes foram destruídas por judeus.

A situação começou a perder o controle, que era dos ingleses. Em 1947, a Grã-Bretanha anunciou que renunciaria a posse da região e a passaria para a ONU, criada um ano antes, após a dissolução da Sociedade das Nações. A ONU aprovou o plano de divisão formal da Palestina entre árabes e judeus. Esse acordo dividia as terras palestinas num estado judaico de 14.000km² e num estado palestino com 11.500km², e previa a internacionalização da cidade de Jerusalém, sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos.

Assim que a divisão foi cogitada, as lutas se intensificaram. Assim que a Grã-Bretanha se mandou, Bem Gurion (líder da Agência Judaica) proclamou a fundação do Estado de Israel, e imediatamente criou a Lei do Retorno, abrindo as portas do novo território próprio a qualquer judeu espalhado pelo mundo.

No dia seguinte, houve a “Guerra da Independência”, onde Israel enfrentou os gigantes vizinhos Egito, Líbano, Iraque e Síria, que tentaram acabar com os judeus, mas não lograram seus objetivos, pois apesar de grandes e numerosos, os vizinhos não sabiam lutar. Nesta guerra, os judeus dominaram mais alguns milhares de quilômetros quadrados além do que estava previsto na partilha proposta pela ONU, que decretou um cessar-fogo na bagunça, mas não conseguiu convencer os judeus a devolverem as terras dominadas nesta última batalha. No final das contas, os judeus acabaram ficando com 80% das terras palestinas em sua possessão.


Aqui começa o auge do drama dos palestinos, que foram expulsos de suas terras e tiveram que se refugiar em terras vizinhas. Mais de um milhão de palestinos perambulavam pelos países vizinhos, marginalizados, buscando um abrigo muitas vezes não encontrado. A ONU ordenou que os judeus pagassem indenizações a esses palestinos, mas as tentativas foram inúteis.

Desolados, os palestinos receberam em 1950 um órgão da ONU que visava auxilia-los, dando alimentação, assistência médica e educação elementar aos novos deserdados. Como os judeus, os palestinos também foram pessoas que zelavam muito por manter sua cultura.


Os palestinos, então, procuraram abrigo nos países vizinhos, mas eram vistos com desprezo. O único país que concedia cidadania a eles era a Jordânia.


Alguns milhares de palestinos ainda habitavam nos outros 20% restantes das terras palestinas, além dos palestinos que ainda ficaram nas terras judaicas, submetendo-se a seus novos chefes. Trabalhavam bastante, com serviços bem braçais.


Numa situação complicada e desorganizada, os palestinos exilados decidiram se unir, e criar um grupo de resistência. Aqui surge a famosa OLP – Organização para a Libertação da Palestina, em 1964, que lutava (luta) pela reconquista da Palestina. À início, a resistência se deu por meio de panfletos e revistas para divulgação de seus ideais. A OLP se subdividiu em alguns grupos, dentre os quais se destacou a Al Fatah (“A Vitória”), liderada por ninguém menos que o famigerado Yasser Arafat, muçulmano palestino que, de combatente clandestino, galgou a posição de chefe máximo do Estado Palestino. A Fatah estigmatizou o Estado de Israel como inimigo, mas não necessariamente os judeus, pois cria que ambos – palestinos e judeus – podiam viver harmoniosamente, desde que cada um com seus direitos garantidos. Como os judeus se mostravam bem supridos de artigos bélicos, os palestinos começaram a se preparar para qualquer conflito armado que pudesse aparecer. Em 1964, formou-se o Exército de Libertação da Palestina, um dos braços da OLP. Este exército atacou alguns alvos militares israelenses no ano seguinte. Agora estava pronto o campo de batalha. Ataques e contra-ataques de ambos os grupos se intensificaram. O único lugar que agora acolheria os palestinos seria a Síria, pois o Egito, Jordânia e Líbano não eram a favor da luta armada, prevenindo-se de quaisquer danos secundários a seu território e moradores.

Os israelitas atacavam agora a Síria, que havia aberto seus portões aos palestinos, e esses ataques foram o estopim da “Guerra dos Seis Dias”. Esses ataques à Síria geraram uma revolta dos outros países, como Egito, Jordânia, Líbano. Todos esses países se uniram para dominar os pequenos mas barulhentos judeus. Pois é... Que péssima idéia. Esses países disseram para os palestinos que ainda habitavam na Palestina:

- Saiam daí, pois nós enfrentaremos o Estado de Israel, os dominaremos, expulsaremos e, em seguida, vocês poderão regressar à sua terra natal.

Os palestinos saíram, mas qual não foi a desgostosa surpresa quando perceberam que os pequenos judeus haviam vencido a guerra. Pois é... Um ataque-surpresa judeu desbaratou todas as tropas dos países limítrofes, que despreparados e desprevenidos, se deram por vencidos após curtos, porém longos seis dias. Israel agora estendeu suas fronteiras e expandiu sobremodo seus territórios. Dominaram inclusive toda a península do Sinai, mas que seria retomada pelos egípcios ulteriormente.

Agora a Palestina era quase que totalmente judaica, e os Palestinos começaram a ser desprezados pelos países que anteriormente os acolhia. De certa forma, passaram a ver os palestinos como culpados da diminuição de seus territórios, e muitos os expulsaram de suas terras. Muitos palestinos foram se agrupar no Líbano. Ali, encontraram boas oportunidades para se reunir, mas, à guisa dos israelitas no Egito, começaram a crescer muito, incomodando seus amigos. Fora o crescimento populacional, um outro agravante para a antipatia dos palestinos da parte dos libaneses foi o grande número de cristãos (católicos) no país, que não simpatizavam muito com a nova onda pessoal muçulmana que adentrava a praia. Mesmo assim, os libaneses em sua maioria, ou pelo menos o oligopólio libanês, os apoiaram, permitindo que executassem ataques ao Estado Israel de dentro de seus próprios territórios.


Em resposta aos muitos ataques israelitas aos palestinos, em 1968, surgiram outros grupos de resistência palestina. Dentre eles, cito a FPLP – Frente Popular de Libertação da Palestina, que se valia inclusive de ataques suicidas em prol de seus ideais.

Em 1969, Yasser assumiu a presidência geral da OLP. Yasser Arafat era um homem de punho e coragem. Encarou diversas vezes os maiorais judeus e muitas vezes venceu, mesmo sob orientações de que deveria recuar.

Um fato muito lembrado pelo mundo, relacionado a esses conflitos, foi em Munique. Durante as olimpíadas de 1972, um grupo palestino atacou onze atletas da delegação israelense que participavam das competições. Esse e diversos outros ataques à civis visavam atrair a atenção do mundo à causa palestina. Algumas frentes terroristas palestinas abusaram do poder sob civis inocentes, e acabaram sendo ignorados pelos próprios palestinos. Destarte, passaram a considerar unicamente a OLP como representante do povo. E isso deu uma alavancada na organização, que passou a crescer politicamente ao redor do mundo. O plano elementar da OLP ainda era construir um estado democrático que reunisse judeus, palestinos, cristãos, muçulmanos, todos no mesmo território. Mas isso era mais difícil do que parecia.

Um episódio conhecido como "Setembro Negro" também merece citação. O crescimento de terroristas palestinos intransigentes e muitas vezes irracionais, presentes na Jordânia gerou uma revolta dos jordanianos, principalmente do líder deles, o rei Hussein (não o Saddam, do Iraque), que decidiu eliminar seus potenciais dominadores, num conflito que matou cerca de 15 mil pessoas. Agora os palestinos só contavam com os libaneses para se alojar.

Alguns anos depois, aconteceu um outro conflito famoso, conhecido como “Guerra do Yom Kippur”, em que os árabes atacaram os judeus justamente no Dia do Perdão, sagrado para Israel. Foi aqui que o Estado de Israel perdeu grande parte das terras que havia conquistado na “Guerra dos Seis Dias”. Após este acontecimento, a imagem poderosa de Israel foi um pouco diminuida, mas 3 anos depois, numa heróica estratégia para libertar judeus tomados como reféns num avião seqüestrado por palestinos, reconquistaram sua moral. Esta operação foi pincelada no fim do filme “O Último Rei da Escócia”.

Os palestinos estavam concentrados principalmente no Líbano, cuja capital é Beirute. Ali, houve o mesmo problema que na Jordânia. Os palestinos queriam criar um Estado dentro do país, mas encontraram resistência e também resistiram, atacando e sendo atacados. Este novo conflito acabou não apenas com a vida de milhares de pessoas, mas também com a imagem do país. Foi devastado. O Líbano era conhecido outrora como a “Suíça do Oriente Médio”, mas agora estava decrépita.

Enquanto os palestinos eram isolados, os judeus conquistavam grandes aliados. O Egito fez um acordo de paz com Israel, em 1976.


Os palestinos que estavam no Líbano foram surpreendidos por um ataque dos israelitas em 1982. O exército de Israel entrou no Líbano com cerca de 80 mil soldados, e matou cerca de 20 mil pessoas. Após esse conflito, os palestinos ficaram sem condições de moradia e sustento no Líbano e acabaram saindo de lá. Após este, um outro ataque nos campos de Sabra e Chatila, também em Beirute, unido à saída dos palestinos de Beirute acabaram estremecendo as bases da Resistência Palestina. Sem território para armar bases, os palestinos se viam unicamente com uma proposta mais diplomática para garantir seus direitos.

No início dos anos 90, estimou-se aproximadamente 6 milhões de palestinos espalhados pelo mundo. A Resistência Palestina “formal” deu uma minguada, mas obviamente a maioria dos palestinos ainda estava revoltada com a situação e, mesmo sem ma grande organização de ataque, se rebelavam contra os israelitas da forma que podiam.
Essa situação gerou um levante do povo chamado “Intifada”, ou “revolta das pedras”, em que principalmente crianças e adolescentes armados com paus e pedras passaram a atacar os soldados inimigos a qualquer momento. Esses atos perduram até hoje.

Em 15 de novembro de 1988, o Conselho Nacional Palestino proclamou o Estado Palestino, que ganhou o reconhecimento e a aceitação da ONU. Em maio do ano seguinte, Yasser Arafat finalmente reconheceu a existência do Estado de Israel, após décadas da determinação da ONU com relação à criação.

Em 1991 houve uma Conferência de Paz onde, pela primeira vez, Israel compareceu frente a frente com representantes palestinos oficialmente. Pacificamente, decidiram redistribuir as terras. Israel cedeu mais alguns territórios como Jericó e a Faixa de Gaza para domínio dos palestinos. Este acordo rendeu a Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin o Premio Nobel da Paz.



Bom... Já chegamos nos anos 90, e creio que daqui pra frente já pudemos acompanhar um pouco da situação médio-oriental. No meio de tantas guerras, esperamos ansiosamente pelo dia em que a paz será revelada. Mas não ansiamos tanto pelo homem que prometerá essa paz... Efêmera paz.



Por que Deus ama os judeus? Não sei...
Por que Deus ama os palestinos? Não sei...
Por que Ele me ama? Menos ainda...



Importante: Caso alguma informação acima esteja comprovadamente errada, por favor, me avise. Eu as obtive em diversas literaturas e sites da internet, mas como a liberdade de expressão torna a mídia uma “terra-sem-leis”, posso ter apresentado alguma informação que não confere com os fatos. Inclusive entrei em contato com o “Centro de Cultura Judaica” pedindo a algum historiador que revisasse meu texto mas me informaram que não havia nenhuma pessoa disponível para estes fins. Sou descendente de judeus e gostaria de receber informações, pois querendo ou não, o texto acima pende um pouco para o lado dos Palestinos, e quero ser o mais fiel possível aos fatos históricos em meus artigos.


E.F.

2 comentários:

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